Boa Misturas: possibilidade de modificação da prática do profissional de saúde a partir do contato com os Doutores da Alegria (2001)
O termo humanização permeia uma série de práticas profissionais e voluntárias que estão sendo introduzidas no tratamento de pessoas hospitalizadas. Essas práticas, em grande parte, reforçam a divisão do paciente por especialidades: do emocional cuida o psicólogo, do brincar o brinquedista, do sintoma o medico. Para pensar esse cenário, proponho como enfoque a qualidade das relações estabelecidas entre profissionais e pacientes dentro do hospital. Esta qualidade está ligada ao conceito de saúde de Espinosa (paixões alegres e paixões tristes). Nele, pensamento e corpo estão intimamente ligados. As relações são compostas de encontros onde um é capaz de aumentar ou diminuir a potência de ação do outro. Se os encontros potencializam nossa essência experimentamos a alegria. Quando uma ideia ameaça nossa própria coerência através da culpa e piedade, por exemplo, experimentamos tristeza, diminuindo nossa potência. Este trabalho aborda a prática dos Doutores da Alegria (artistas profissionais que trabalham como palhaços em hospitais) enfocando os fatores de sua atuação que ajudam no desenvolvimento de saúde (paixões alegres). Procurou-se traçar um paralelo entre estes fatores e a prática dos profissionais de saúde , analisando as falas de médicos, enfermeiras e palhaços em um grupo focal. Buscou-se, mais especificamente, entender a possíveis alterações do moo de falar dos relacionamentos com pacientes a partir do contato com os Doutores da Alegria. Essas alterações foram analisadas a partir de quinze indicadores principais que favorecem a relação entre palhaço e a criança.